Aleac realiza audiência pública com policiais civis

Na manhã desta quarta-feira (16) foi realizada na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), uma audiência pública para tratar sobre a valorização, reconhecimento e recomposição salarial dos policiais civis. O encontro é fruto de um requerimento apresentado pelo deputado Roberto Duarte (MDB) e contou com a participação de membros das comissões de Serviço Público, Constituição e Justiça e Segurança Pública.
O deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) conduziu a audiência e falou sobre o equívoco em dizerem que há uma polícia rica e uma pobre, ele pediu que as pessoas não repliquem tal frase. Acrescentou também que a próxima semana é a última em que podem ser feitas tratativas salariais este ano e convocou os trabalhadores a acompanharem as sessões.
“Se o governador foi quem disse a frase de polícia rica e pobre, devemos não reproduzir isso. Nenhum direito a menos. Se uma categoria conquista algo, ela tem que no mínimo lutar para manter isso e ninguém deve tentar lutar pelos seus direitos em detrimento da conquista do outro. A semana que vem será decisiva, estamos em ano de eleição e quando os servidores ocupam essa galeria, eu duvido que algum parlamentar tenha coragem de se posicionar contra eles”, afirmou.
O presidente da Associação dos Escrivães, Tibério César, disse que o governador Gladson Cameli (PP) foi induzido ao erro, quando o fizeram acreditar que existe uma polícia rica e uma pobre. Ele salienta que os servidores das polícias no Estado é que são a verdadeira riqueza das corporações, pois mesmo diante das dificuldades se empenham para continuamente diminuir os índices de violência.
“O Estado se vangloria do nosso trabalho, faz mídia em cima dos bons índices sobre crimes violentos, nós conseguimos restituir milhões aos cofres públicos com isso. Queremos isonomia do banco de horas, por favor, nos ajudem quanto a isso, nós trabalhamos muito e praticamente de graça. Outra questão é com relação a questão previdenciária, lutamos por uma aposentadoria especificamente para os policiais. Se existe uma polícia rica, com certeza, não é a Civil”, disse.
O secretário de Planejamento e Gestão, Ricardo Brandão, falou sobre as dificuldades enfrentadas pelo sistema de segurança em todo o país e ressaltou que esses problemas não são atuais. Ele pontuou que o governo tem mantido o diálogo com as instituições de segurança do Estado, com o intuito de chegar a um consenso, mas também observou que a situação fiscal e financeira do Estado é razoável.
“Defendemos continuamente que as instituições policiais tenham as melhores condições e temos dialogado de maneira mais integrada para isso. Essa será sempre a minha defesa, pois o trabalho de cada um desses profissionais coloca o Acre em um patamar diferenciado. Mas é fato que atualmente não vivemos uma situação fiscal e financeira razoável. É natural que o servidor requeira sempre melhoria salarial e nós compreendemos isso, então eu venho e participo de todos os debates. Continuaremos analisando com toda atenção aquilo que estiver dentro da perspectiva da legislação”, pontuou.
Em sua fala, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Acre, Itamir Lima, disse que mesmo com a ‘indiferença’ do governo do Estado a categoria está disposta a negociar. Salientou, ainda, que a categoria está há quatro anos sem receber nenhum tipo de reajuste.
“Entendemos que o governador pegou o Estado num momento difícil e ainda teve que enfrentar a pandemia e por isso estamos dispostos a negociar. Esses 5% que o governador quer dar é uma vergonha para um governo que sempre anuncia que a Segurança Pública é a menina dos olhos da gestão dele. Então, que o governador trate esse setor com responsabilidade nos remunerando de maneira digna, porque o que estamos pedindo não é um absurdo”, disse.
Já o deputado Roberto Duarte (MDB) destacou a importância da valorização da categoria. Ele falou das dificuldades que os policiais civis enfrentam para atuarem, principalmente, no interior do Estado.
“Aqui estamos falando da atuação de vocês na capital, mas no interior do Estado as dificuldades são ainda maiores. Ouvi relatos de que em Cruzeiro do Sul, por exemplo, os policiais civis pegam um trabalho e vão dar reforço em Porto Walter. Eles passam sete horas navegando num barco para chegar naquele município. Isso demonstra também o que esses profissionais enfrentam para levar segurança às nossas famílias em todas as cidades acreanas. Por esses e outros motivos, a valorização de vocês é tão importante”, enfatizou o emedebista.
Em seu discurso, o deputado Neném Almeida (Podemos) saiu em defesa da categoria. “Ninguém precisa perder para o outro ganhar. Nos meus discursos sempre falo que os professores e policiais devem e precisam ganhar melhor. Isonomia não deve ser aplicada só nos salários, mas em tudo. Por isso vou continuar defendendo não só os policiais militares, mas vocês também”, falou.
O deputado Cadmiel Bomfim (PSDB), que é sargento da PM, também abraçou as reivindicações da categoria. “Tenho um grande reconhecimento pela Polícia Civil. Na verdade, quem inventou esse negócio de polícia rica e polícia pobre não foi a PM, foi o próprio governador em seu discurso. Eu quero dizer para ele e para todos vocês que não existe polícia rica e polícia pobre, o que existe é uma pobre e uma miserável. Não tem ninguém rico aqui, todo mundo está buscando um aumento salarial porque estamos desvalorizados, a própria inflação comeu o nosso poder de compra. A verdade é essa. Agora, se o governador mandar uma proposta que contemple a categoria, podem ter certeza de que iremos aprovar”, assegurou.
Andressa Oliveira/ Mircléia Magalhães
Revisão: Suzame Freitas
Agência Aleac