Assembleia Legislativa do Estado do Acre

Aleac promove debate sobre hanseníase com presença da coordenadora nacional de combate à doença do MS

Por meio de um requerimento da deputada Maria Antônia (PROS), segunda-secretária da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), foi realizada nesta quinta-feira (30) uma sessão temática para discutir o controle e erradicação da hanseníase no Estado. O encontro contou com a participação de diversas autoridades ligadas à Saúde, entre elas Carmelita Ribeiro Filha, coordenadora-geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde (MS).

O presidente, em exercício, da Aleac, deputado Raimundinho da Saúde (PTN), falou da importância da luta para combater a hanseníase, além de eliminar o preconceito com aqueles que contraíram a doença. “Gostaria de ressaltar aqui que meu primeiro emprego foi com os hansenianos, em Cruzeiro do Sul. Tenho muito carinho e coloco o meu mandato à disposição de vocês”, disse o parlamentar.

Já autora do requerimento, deputada Maria Antônia (PROS), destacou a importância do encontro. Disse que é necessário o empenho dos municípios para a implementação do Programa de Combate à Hanseníase no Estado.

“No caso do Acre, temos municípios que não estão fazendo o que lhes cabe, que é o atendimento básico de saúde, por isso convidamos os secretários municipais e do Estado para estarem aqui para dirimirem todas as dúvidas e garantir a execução do programa de combate à doença”, disse Maria Antônia.

A parlamentar ressaltou, ainda, a sua luta em defesa dos hansenianos: “Todos que acompanham as minhas ações nesta Casa sabem que sempre coloquei o meu mandato à disposição do Morhan. Sempre estou acompanhando os trabalhos da coordenadoria do Morhan aqui no Acre. Essa é uma luta de todos nós. Gostaria de agradecer à nossa Mesa Diretora, na pessoa do nosso presidente Ney Amorim e à Comissão de Saúde pelos encaminhamentos necessários para que pudéssemos estar aqui hoje”, salienta.

Em pronunciamento, o coordenador do Morhan Acre, que também integra o movimento nacional, Élson Dias, destacou o “Programa Reencontros”, realizado pelo movimento, que investiga histórias de familiares e realiza exames de DNA para confirmar laços de parentesco de pessoas que foram separadas durante a fase de isolamento compulsório de pessoas com hanseníase.

“Essa é uma forma de reaproximar filhos, irmãos e pais que foram separados após o diagnóstico da doença. É uma alegria sem tamanho poder proporcionar o reencontro dessas pessoas depois de tantos anos de angústia e sofrimento”, enfatizou.

Élson destacou ainda a importância do controle e prevenção da doença. “É pensando nisso que temos equipes preparadas que levam aos populares maiores informações sobre a doença, desde as formas de controle e prevenção até os sintomas, características do mal de Hansen e o tratamento. A ideia é que quanto mais informada a população for, mais livre ela estará do contágio da doença”, ressaltou.

O secretário Municipal de Saúde de Rio Branco, Oteniel Almeida, afirmou que o órgão tem trabalhado em parceria para identificar precocemente a doença. O trabalho vem sendo desenvolvido através de parcerias com o Ministério da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde, municípios e o Morhan.

“Identificar precocemente a hanseníase é uma das atribuições da Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco, essa é uma batalha diária que graças ao trabalho em parceria com o Morhan e outras instituições estamos vencendo. Estamos nos empenhando para garantir o tratamento adequado e a total prevenção da doença. A Prefeitura de Rio Branco está, inclusive, finalizando um processo licitatório para a compra de um veículo que será concedido ao Morhan para ajudar nas ações que são desenvolvidas pelo movimento”, informou.

Carmelita Ribeiro Filha, coordenadora-geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde, disse que o Brasil, apesar dos esforços, ainda ocupa o segundo lugar no ranking da doença no mundo. Ela lamentou que no Acre o combate à enfermidade seja centralizado apenas aos municípios com maior densidade populacional.

“O Brasil é o segundo no mundo em hanseníase. Eu trouxe um panorama da situação da doença no país. Os dados são de 2015. A gente vê que os municípios prioritários se concentram no Norte, Centro-Oeste e parte do Nordeste e no Sul, especificamente no Paraná. Eu lamento não termos todos os secretários de Saúde dos municípios do Acre aqui nesta Casa hoje para debatermos esse assunto tão importante e do interesse de todos. Embora o Estado do Acre esteja reduzindo os casos de hanseníase, mas ainda é um problema de saúde pública. Ela ainda é representativa. Me preocupa muito a informação da centralização das ações de combate à doença apenas aqui em Rio Branco. Isso deveria ser feito em todas as unidades básicas de saúde dos municípios”, relata.

Finalizando, a deputada Eliane Sinhasique (PMDB) disse que o Acre é o 13º Estado da Federação com o maior número de casos da doença. “Nós estamos com estes números devido à falta de saneamento básico. Nós temos esgoto a céu aberto o que faz com que a bactéria de Hansen atinja as pessoas. A prevenção tem que ser levada muito a sério, enquanto os lares dos acreanos não tiverem água tratada e saneamento básico a bactéria continuará agindo”, afirmou.

José Pinheiro e Mircléia Magalhães
Agência Aleac