Sessão ordinária é suspensa para receber servidores públicos
Antes de suspender os trabalhos para a reunião das comissões, na manhã desta terça-feira (28), o presidente em exercício da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), deputado Pedro Longo (PDT), fez questão de reafirmar o compromisso do Parlamento com a valorização dos servidores públicos. O parlamentar ressaltou que a Casa está unida em torno das pautas da categoria e destacou a importância de atender à sugestão apresentada pelo deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), que pediu a abertura de espaço para representantes sindicais se manifestarem.
“Em gesto de consideração e respeito pelos nossos amigos servidores públicos, vamos atender à sugestão do deputado Edvaldo. Aqui nesta Casa, todos nós estamos unidos defendendo as pautas dos servidores, o aumento do auxílio-alimentação e o reajuste salarial”, afirmou Longo. Ele garantiu que qualquer proposta voltada à melhoria das condições dos trabalhadores do Estado terá tramitação imediata no Legislativo. “Assim que chegar qualquer matéria nesse sentido, certamente será aprovada no mesmo dia por esta Casa”, afirmou.
O deputado encerrou sua fala anunciando que dois representantes da Frente Sindical teriam a palavra para registrar oficialmente as reivindicações das categorias, em reconhecimento à luta dos trabalhadores acreanos e à importância de manter o diálogo aberto com o Poder Legislativo.
O representante do Sindicato dos Gestores de Políticas Públicas (Sintegesp), Gerliano Nunes, foi o primeiro a fazer uso da palavra em nome da Frente dos Servidores Públicos. Ele destacou que o movimento é formado por 23 entidades sindicais que representam aproximadamente 40 mil trabalhadores de diversas categorias do serviço público estadual. Em sua fala, o sindicalista parabenizou os servidores pelo seu dia e ressaltou que são eles que fazem a máquina pública funcionar, garantindo o atendimento à população acreana.
“Nós estamos aqui em nome de todos os servidores do Estado, reivindicando pleitos justos, que não impactam a Lei de Responsabilidade Fiscal, como a revisão geral anual complementar de 2023, a majoração do auxílio-alimentação para mil reais e a criação do auxílio-saúde, que também contemple os inativos”, afirmou.
Gerliano lembrou que as categorias estão há mais de cem dias aguardando uma resposta do governo, mesmo após reuniões realizadas ainda em junho, quando foi prometido um prazo de 45 dias para apresentação dos estudos de impacto financeiro. “De lá para cá, fizemos várias reiterações, inclusive oficiais, e até agora nenhuma resposta foi apresentada. Enquanto isso, as receitas do Estado continuam crescendo. Só entre janeiro e setembro deste ano, o Acre arrecadou cerca de 800 milhões a mais do que no mesmo período de 2024”, destacou. O sindicalista encerrou pedindo mais respeito e compromisso do governo com os trabalhadores. “O que está faltando não é recurso, é vontade política e gestão financeira eficiente para valorizar quem realmente faz o Estado funcionar.”
O presidente do Sindicato dos Especialistas Executivos do Estado do Acre, Fábio Macedo, também se pronunciou em nome da Frente Unida dos Sindicatos. Ele iniciou sua fala denunciando tentativas de boicote à mobilização dos servidores, relatando que o governo teria promovido um café da manhã paralelo para enfraquecer o ato e divulgado informações falsas sobre o cancelamento do movimento.
“Ontem, no calar da noite, o governo criou um café da manhã para os servidores e espalhou em redes sociais que a nossa manifestação havia sido cancelada. Isso é uma afronta à democracia, ao direito de livre expressão e de manifestação dos trabalhadores”, afirmou. Fábio ressaltou que o Dia do Servidor Público deveria ser de celebração e conquistas, mas acabou marcado pela indignação diante da criação de novos cargos de alto escalão. “Enquanto pedimos um reajuste e melhores condições de trabalho, o governo envia para esta Casa um projeto para criação de cargos adjuntos de 30 mil reais. Esse valor poderia beneficiar dezenas de famílias com o auxílio-alimentação que reivindicamos”, protestou.
O sindicalista também apresentou dados econômicos para reforçar o argumento de que há recursos disponíveis para valorizar os servidores. Segundo ele, o orçamento estadual cresceu significativamente nos últimos anos, passando de R$ 6,5 bilhões em 2018 para R$ 13 bilhões em 2025, mas os trabalhadores continuam desvalorizados. “Nós temos secretarias que mais do que dobraram o número de cargos comissionados, enquanto o servidor efetivo sofre com reajustes irrisórios. Há servidores ganhando R$ 90 mil, R$ 110 mil, e outros que tiveram aumento de apenas R$ 25. Isso é vergonhoso”, disse.
Texto: Andressa Oliveira
Fotos: Sérgio Vale


