Antônia Sales denuncia colapso na saúde e se emociona ao lembrar morte da mãe por negligência médica

Durante a sessão desta quarta-feira (21) na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), a deputada Antônia Sales (MDB) fez um pronunciamento sobre o que ela classifica como colapso na saúde pública do Estado, com foco especial nas dificuldades enfrentadas pela população do Vale do Juruá. Ao endossar as denúncias apresentadas anteriormente pela deputada Michelle Melo (PDT), Antônia classificou a situação das maternidades como um “castelo de horrores” e cobrou sensibilidade do governo e das equipes médicas diante das mortes evitáveis que continuam ocorrendo.
“Não poderia deixar esse tema passar sem me manifestar. A situação que enfrentamos é uma vergonha. É como se estivéssemos vivendo em um castelo de horrores”, afirmou, referindo-se à escolha cruel que famílias precisam fazer diante da falta de vagas para crianças em unidades hospitalares. “Quando só há uma ou duas vagas e várias crianças precisam de atendimento, os pais são forçados a esperar, sem saber se seu filho vai viver ou morrer.”
A parlamentar também criticou a precariedade do atendimento hospitalar no interior. “Estamos vivendo o cúmulo do absurdo: pacientes em Cruzeiro do Sul estão sendo levados até Rio Branco apenas para fazer exames. Como se alguém internado em um grande hospital fosse transportado para outro estado por falta de estrutura básica. Isso é inaceitável para uma região tão extensa como a nossa.”
Em um momento de forte emoção, Antônia compartilhou sua própria história de vida, relatando a perda da mãe quando tinha apenas um ano e oito meses de idade, por complicações no pós-parto, causadas pela falta de médicos e medicamentos. “Até hoje, eu sinto a falta que minha mãe faz. Me criei com minha avó, e depois fui para a casa de uma tia, onde fazia de tudo para agradar, só para ouvir alguém me chamar de ‘minha filha’. Essa palavra eu não escutava, e até hoje me dói não ter tido isso.”
Ela ligou sua experiência pessoal às mortes atuais de mães e bebês no Acre. “As filhas das grávidas que morreram hoje também vão crescer sem ouvir essa palavra. É uma dor que marca para sempre. E o pior: estamos em pleno século XXI, e essas mortes continuam por puro descaso, negligência, falta de humanidade.”
Por fim, Antônia Sales criticou diretamente parte dos profissionais de saúde que, segundo ela, perderam a sensibilidade e se esqueceram do juramento que fizeram. “Não quero generalizar, mas muitos se esqueceram do compromisso de salvar vidas. Falta empatia, falta sentimento cristão. O que está acontecendo no nosso sistema de saúde é desumano.”
Texto: Andressa Oliveira
Foto: Sérgio Vale