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Assembleia Legislativa do Estado do Acre

Comunidade surda é homenageada na Aleac

Na manhã desta segunda-feira (13) a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), realizou uma sessão solene em homenagem ao Dia Nacional dos Surdos. A solenidade é fruto de um requerimento apresentado pelo deputado Fagner Calegário (Podemos) e contou com a presença de representantes de organizações e membros da comunidade surda do Estado.

O deputado Fagner Calegário ressaltou a importância do evento como um passo significativo na promoção da conscientização sobre a realidade enfrentada pelos surdos, além de reforçar o compromisso legislativo em prol da inclusão social. Ao ocupar a Tribuna, ele convidou a intérprete de Libras Giovanna Nascimento, para traduzir seu discurso.

“Nós, do Poder Legislativo acreano, nos sentimos honrados pela presença dos senhores. Ao longo do meu mandato, tenho buscado contribuir na luta por um Acre com mais inclusão. Conseguimos sancionar uma lei para que pessoas surdas façam provas de concursos acompanhadas por intérpretes. Também defendemos a inclusão de Libras na grade escolar. Há desafios que ainda persistem e, portanto, a necessidade de implementação de mais políticas públicas nessa área. Meu trabalho é lutar pelo direito de todos e, por isso, reforço meu compromisso com todos da comunidade surda do Estado”, assegurou Calegário.

Ao agradecer ao deputado Fagner Calegário pela realização da solenidade, a professora Ivanete Freitas, coordenadora do Curso de Letras Libras da Universidade Federal do Acre (Ufac), destacou a importância do reconhecimento diário dos desafios enfrentados pelos surdos. Ela enfatiza a necessidade de acessibilidade e respeito aos direitos, rompendo com estigmas e destacando que ser surdo não é ser deficiente.

A implantação do curso de Letras Libras na Ufac também é celebrada por ela como um passo significativo para popularizar a compreensão da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e garantir que crianças surdas tenham acesso a uma comunicação plena para seu desenvolvimento.

“Esse curso tem ajudado bastante com a educação de surdos, através de pesquisas, eventos, palestras em congressos, seminários. Onde nos chamam, nós estamos. Porque há uma necessidade de divulgação da língua brasileira de sinais e de mais conhecimento sobre a cultura surda no Brasil”, disse.

Ainda de acordo com Ivanete Freitas, os dados alarmantes sobre a presença de surdos na educação básica, especialmente na Amazônia, revelam a urgência de abordar a inclusão educacional. Com 3,7% das crianças matriculadas sendo surdas, e índices ainda mais expressivos, como 5,7% no Acre, a professora destaca o desafio de garantir que todos tenham acesso à educação.

“A falta de inclusão não apenas priva essas crianças de aprendizado, mas também pode gerar desafios educacionais mais amplos, destacando a necessidade premente de abordar a questão da educação inclusiva no Brasil. Nós precisamos popularizar a língua de sinais, falar mais sobre a cultura surda, só assim teremos êxito nessa caminhada”, complementou.

Giovanna Nascimento, intérprete de Libras na Aleac, falou sobre a importância da inclusão e de dar voz aos surdos. “Falar sobre Libras é falar sobre minha própria vida, pois é a minha realidade de todos os dias. Costumo dizer que essa é a língua da empatia, pois através dela, dou voz e intensidade àquilo que o surdo quer dizer. Agradeço a todos que passaram pela minha vida durante meu aprendizado nessa linguagem, incluindo minha colega de trabalho aqui no Poder Legislativo, Elisângela Bonfim. Libras é o amor que carrego em minhas mãos”.

Lucas Vargas, presidente da Associação dos Surdos do Acre, ocupou a Tribuna e teve seu discurso interpretado. “Agradeço a Deus pela oportunidade de estar aqui hoje. Atualmente, sou professor da Ufac e também mestrando. Conseguimos nossa tão sonhada lei, que assegura que pessoas surdas tenham a oportunidade de realizar provas de concursos em Libras, acompanhadas por um profissional habilitado. Estamos dando passos pequenos, mas iremos avançar com o tempo e abrir a mente das pessoas quanto aos cidadãos surdos. Nós precisamos de escola, emprego, de portas abertas e leis que assegurem nossos direitos enquanto cidadãos”.

Durante a solenidade, algumas instituições que atuam na causa foram homenageadas no centro do Plenário. Uma delas foi a Associação dos Surdos do Acre (Assacre). O deputado Fagner Calegário fez o encerramento agradecendo a todos os presentes. Ele disse que o parlamento acreano fez história ao realizar a homenagem.

Responsável pela Lei Complementar n° 445, que assegura que pessoas surdas tenham a oportunidade de realizar provas de concursos na Língua Brasileira de Sinais (Libras), acompanhadas por um profissional habilitado e vídeo prova, o parlamentar também aproveitou a ocasião para anunciar a destinação de uma emenda parlamentar para a Associação dos Surdos do Acre, visando garantir a realização de projetos relevantes para a comunidade surda.

“Estou muito feliz por vocês terem me proporcionado esse sentimento, o dia de hoje de fato foi muito especial. Obrigado a todos. Reafirmo ainda o meu compromisso com vocês, meu mandato está à disposição sempre”, finalizou.

Sobre o Dia Nacional do Surdo:

O Dia Nacional do Surdo foi criado no Brasil em 26 de setembro, por meio da Lei nº 11.796/2008. Essa data foi escolhida em homenagem à inauguração da primeira escola de surdos no país, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), fundado em 1857, no Rio de Janeiro.

A escolha do 26 de setembro como o Dia Nacional do Surdo visa reconhecer e celebrar a história, a cultura e as conquistas da comunidade surda no Brasil, além de destacar a importância da educação inclusiva e do respeito à diversidade. A data também é uma oportunidade para sensibilizar a sociedade sobre as questões enfrentadas pelos surdos e promover ações que contribuam para a igualdade de oportunidades e a plena participação dessa comunidade na sociedade.

Texto: Andressa Oliveira e Mircléia Magalhães

Fotos: Sérgio Vale