Daniel Zen comenta denúncia de “esquema” de R$ 3 bilhões do Bolsonaro para compra de deputados
O deputado estadual Daniel Zen (PT) falou na sessão remota desta terça-feira (18) sobre as denúncias do chamado “orçamento paralelo” do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O parlamentar destacou a reportagem da Revista Crusoé e do jornal O Estado de S. Paulo, do domingo último (09), que revelou que o esquema envolveu a destinação de R$ 3 bilhões em emendas do Orçamento Geral da União (OGU) a alguns parlamentares selecionados, que puderam definir onde seriam aplicados esses recursos.
“O governo Bolsonaro que não roubava e nem se deixava roubar, criou um mecanismo que institucionalizou a compra de votos no Congresso Nacional, e a coisa não para por aí”, disse o parlamentar.
O oposicionista frisou que as reportagens revelaram ainda que o senador Márcio Bittar (MDB/AC) destinou mais de R$ 50 milhões, em emendas extra orçamentárias, para municípios do interior dos Estados de Goiás e Ceará.
“Somente para o município de Gameleira de Goiás-GO, cidade de 3,5 mil habitantes, foram destinados R$ 20 milhões para asfaltamento e recapeamento de ruas. Márcio Bittar não destinou esse dinheiro para Santa Rosa, Jordão ou Marechal Thaumaturgo, e sim para o município de Gameleira de Goiás. Esses R$ 20 milhões equivalem a 13 vezes a arrecadação anual de impostos da cidade e mais da metade já consta no sistema oficial do governo federal como paga”, frisou.
Ainda segundo Daniel Zen, o chamado “orçamento paralelo” tem revelado movimentos para lá de estranhos no Estado do Acre. “O governo do agronegócio adquiriu dezenas de tratores, com verba de emendas extra orçamentárias, do tal orçamento paralelo, por intermédio da Superintendência da Amazônia (SUDAM), pintou todos eles de azul, colocou na frente do Palácio Rio Branco para exibir pro povo e acabou tendo que devolver tudo por falta de pagamento. Dá pra acreditar?”, questionou.
O deputado também destacou que a cidade de Gameleira de Goiás, maior beneficiária das emendas extra orçamentárias do senador Bittar é próxima da cidade-sede de, ao menos, duas das empresas que detém atas de registro de preço (contratos) às quais algumas secretarias do Governo do Acre já fizeram adesão, a chamada “carona”.
“No chamado escândalo do orçamento paralelo, por dentro dele tem ainda a conexão Goiás, a conexão Manaus e também a conexão Ceará. Sobre elas falaremos outras vezes. Agora, quero dizer aos deputados federais do Acre que não resistiram a tentação e caíram no conto da sereia desse esquema brutal de corrupção, que tomem cuidado, porque vossas excelências estão na iminência de serem visitados pela polícia federal com mandados de busca e apreensão e de prisão”, alertou Daniel Zen.
Mircléia Magalhães/Agência Aleac
Revisão: Suzame Freitas