Deputados recebem movimento sindical que luta contra a PEC 241

Os parlamentares acreanos receberam no final da manhã desta quarta-feira (19) um grupo de sindicalistas contrários à PEC 241, aprovada na Câmara Federal. Essa matéria visa ajustar as contas públicas, mas, segundo os sindicalistas, trará retrocesso aos direitos dos trabalhadores. Entres eles, a não possibilidade de reajuste salarial pelos próximos 20 anos. A sessão ordinária foi suspensa para que os sindicalistas pudessem ser ouvidos em plenário.
O presidente da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), deputado Ney Amorim (PT), disse que o movimento sindical terá no Parlamento acreano um canal de transmissão de ideias. Ele pontuou que as portas da Aleac estarão sempre abertas para qualquer segmento da sociedade.
“Eu desconheço, da época em que fui primeiro-secretário e agora, quando assumi a presidência desta Casa, alguma vez em que a porta deste Parlamento foi fechada aos segmentos sociais. Nos vejam como amigos, como parceiros das lutas de vocês. Damos total liberdade para que vocês coloquem seus posicionamentos. Nos vejam como aliados e sejam sempre bem-vindos a esta Casa”, enfatizou Ney Amorim.
Franklin Albuquerque, presidente da Nova Central Sindical, argumentou que o movimento é apartidário, tendo como objetivo resguardar os direitos dos trabalhadores, além de garantir a qualidade dos serviços públicos.
“O serviço público brasileiro ainda está muito aquém. Gostaria de dizer aos senhores deputados que antes de tudo esse movimento é apartidário, livre de emoções e ideologias. O governo atual pensa que pode fazer tudo o que quer. Não passamos cheque em branco para nenhum político”, disse o sindicalista ao referir-se ao presidente Michel Temer.
Para o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Acre (Sinpol), Itamir Lima, as medidas anunciadas pelo governo federal para conter os gastos são cruéis e injustas com os trabalhadores brasileiros. De acordo com ele, a PEC 241, fará com que a assistência social perca mais de R$ 200 bilhões.
“Isso é uma covardia com os mais pobres, os mais desfavorecidos. A sociedade está sendo enganada pela grande mídia, essa é a verdade. A PEC 241 vai tirar dinheiro da Saúde, Educação e Segurança, e isso é inadmissível. Sem falar na Assistência Social que perderá muito com essa medida. O Brasil precisa cortar os privilégios de quem tem muito e não tirar dinheiro dessas áreas importantes como a Educação para pagar juros. Não vamos permitir esse retrocesso”, disse.
Ao abrir para as falas dos deputados, o deputado Raimundinho da Saúde (PTN) disse que a PEC 241 não pode ser levada adiante e pediu o arquivamento da matéria. “A respeito dessa maldita PEC, todos os dias temos parlamentares reclamando da Saúde, Segurança e demais áreas. Temos um SUS à beira da falência, se não tivermos obrigatoriedade desse atendimento o pobre vai morrer. Não podemos permitir que essa PEC seja levada adiante. Vivemos um retrocesso e quando vejo parlamentares defendendo isso eu me entristeço profundamente ”, considera.
Já o líder do governo, deputado Daniel Zen (PT), afirmou que áreas como Saúde e Educação serão atingidas pela medida. Ele acrescentou que seria necessária uma discussão ampla acerca do tema.
“Confesso que me sentia um pouco sozinho nesse debate sobre a PEC 241. Há um sentimento de impotência de ver um conjunto de medidas sendo apreciadas a toque de caixa, sem o necessário debate, sequer permitindo uma apreciação correta. Os números não mentem, foi feito um estudo e muitas áreas serão prejudicadas”, salientou.
A deputada Doutora Juliana (PRB) disse que se posicionar contrário à PEC 241 é uma demonstração de responsabilidade. “Estou acompanhando esse movimento desde o início e sou contrária a essa PEC por saber dos danos que ela pode causar. Esse meu posicionamento não é político e sim responsável. Não estou aqui por ser oposição ao governo Temer, estou me manifestando contrário a essa medida por saber que ela trará mais prejuízos ao povo brasileiro do que melhorias”, afirma.
Finalizando, o deputado Jenilson Leite (PCdoB) disse que a PEC 241 é um ataque aos direitos do povo brasileiro. “É na verdade uma medida descarada para tirar dinheiro do povo brasileiro. Nós não podemos ser coniventes com isso, temos que ter um protagonismo mundial do ponto vista econômico e para também mantermos a paz no nosso planeta. Vamos continuar defendendo que os parlamentares eleitos pelo povo acreano votem contra essa medida”, ressalta o deputado.
José Pinheiro
Agência Aleac