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Assembleia Legislativa do Estado do Acre

Assembleia Legislativa pode votar pelo retorno do gentílico ‘acreano’

O uso oficial do gentílico ‘acreano’, em substituição ao atual ‘acriano’, adotado no país desde 2013 com a vigência do novo acordo ortográfico, foi tema de debates nesta quinta-feira (30), na Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac), a pedido do deputado Daniel Zen (PT) e com a participação de professores, escritores e membros da Academia Acreana de Letras e da Academia Juvenil Acreana de Letras.

Na ocasião, Zen apresentou projeto de lei (PL) que prevê a adoção definitiva da palavra ‘acreano’ em vez da oficial ‘acriano’, em documentos, livros e quaisquer artigos redigidos em língua portuguesa. A ideia encontra respaldo nas diversas instituições culturais e tem também o apoio do governo do Estado do Acre.

“As Academias são as instituições da sociedade civil que avocaram para si a responsabilidade pelo cuidado com o emprego da língua portuguesa, e, por serem as guardiãs das letras, prestam grandes serviços para a comunidade”, pontuou Zen, em seu discurso de abertura da sessão, presidida pelo presidente interino, deputado Raimundinho da Saúde (PTN).

Além de grandes escritores e estudiosos da literatura e da história locais, mais de 60 estudantes da escola de ensino médio José Rodrigues Leite acompanharam a sessão da galeria.

Eles ouviram da professora Luísa Karlberg Lessa, presidente da Academia Acreana de Letras, que “um gentílico não se submete à força de um acordo ortográfico, já que ele vem do povo, que lhe representa”.

Para Lessa, “a língua é a mais extraordinária das engrenagens e por onde circula todas as coisas do povo”.

“E quanto ao nosso ‘acreano’, ele já foi consagrado pelo uso regional desde o século 19, de modo que deixar de usá-lo é como apagar da memória linda de nossa história um pedaço da epopeia acreana”, completou a escritora.

Já o secretário-adjunto de Educação, Moisés Diniz, que também é membro da Academia Acreana de Letras, ressaltou que as discussões em torno da manutenção do antigo gentílico são importantes para um avivamento da história do Estado.

“Não venham brincar com a voz rouca de nossos pais”, diz ele, referindo-se aos antepassados, em sua maioria seringueiros nordestinos que aqui formaram quase toda a sociedade acreana.

E classifica o dispositivo do deputado Zen, que poderá validar novamente a forma gentílica antiga, como “mais uma conquista do povo do Acre”. Agora, o PL deverá passar pelo crivo das diversas Comissões na Aleac e se aprovado será remetido para sanção pelo governador Tião Viana.