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Assembleia Legislativa do Estado do Acre

Audiência Pública na Aleac debate desafios dos motociclistas no Acre

 

Na manhã desta sexta-feira (1), a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) foi palco de uma audiência pública promovida a partir do requerimento nº 153/2023 do deputado Arlenilson Cunha (PL). O foco do encontro foi a discussão dos desafios enfrentados pelos motociclistas no estado.

Representantes de diversas esferas da sociedade, incluindo autoridades de trânsito, grupos de motociclistas e especialistas em segurança viária, estiveram presentes para abordar questões críticas relacionadas ao cenário atual. Entre os temas destacados, incluíram-se medidas de segurança, condições das vias e a conscientização no trânsito.

A segurança no trânsito emergiu como uma preocupação central, com estatísticas alarmantes de acidentes envolvendo motocicletas. As discussões durante a audiência visavam não apenas identificar os problemas, mas também buscar soluções colaborativas e efetivas.

Visando melhorias significativas na segurança e mobilidade no estado, os participantes foram unânimes ao apontar a necessidade de investimentos em infraestrutura viária e programas educacionais direcionados aos motociclistas.

Em sua fala, o deputado Arlenilson Cunha ressaltou a importância de se abordar ativamente os desafios enfrentados pelos motociclistas, buscando garantir um trânsito seguro para todos, sejam eles utilizados para esporte, trabalho ou deslocamentos diários.

Ao ressaltar a trágica fatalidade ocorrida devido ao uso da linha chilena, o parlamentar evidenciou a necessidade de ações concretas. Ele mencionou o Projeto de Lei do Fagner Calegario, que propõe a proibição da venda e comercialização dessa perigosa mistura de vidro moído e cola branca, conhecida como cerol.

“Os desafios enfrentados pelos motociclistas é um debate que já vem sendo feito há muito tempo nesta casa. E por isso estamos reunidos aqui hoje, para mais uma vez ouvi-los. Precisamos também compreender as ações já em andamento e explorar novas medidas para aprimorar a segurança viária. Ações tanto educativas quanto preventivas irão sem dúvidas promover um ambiente de tráfego mais seguro, protegendo assim a vida dos cidadãos”, disse Arlenilson Cunha.

Em seguida, o presidente do Moto Club, Altemir Melo, destacou que a iniciativa do grupo surgiu em resposta à tragédia envolvendo o jovem Fernando Junior, degolado por linha chilena no bairro Nova Esperança enquanto trafegava em sua moto.  Ele salientou que a proposta é que o Detran promova atividades educativas, com enfoque no perigo representado pela linha chilena e pelo cerol. Além disso, ressaltou a importância de fortalecer o turismo motociclístico no Acre, uma vez que o estado é rota para muitos motociclistas de todo o país.

 “A morte do Fernando Junior não pode ficar impune e nem ser esquecida. Buscamos um entendimento para que o Detran promova atividades de educação no trânsito, focando no perigo da linha chilena e cerol. O Acre é passagem para muitos motociclistas do país e é importante também fortalecermos o turismo nesse sentido”, pontuou.

 Já o advogado Jaime Fontes, que participou da audiência representando o grupo Boys do Asfalto, evidenciou as preocupações dos motociclistas quanto às condições das estradas e à falta de infraestrutura nas cidades. Destacou ainda que o potencial turístico do Acre não está sendo plenamente explorado, apesar do influxo de motociclistas de diferentes estados e países. Aponta também que a degradação das vias, com 99,3% da malha pavimentada considerada de regular, ruim a péssima, é apontada como uma das principais causas de acidentes, resultando em gastos significativos, superiores a R$ 46 milhões apenas com ocorrências no Estado.

 “O Acre tem um potencial turístico grande que não é explorado em sua plenitude. Temos vários perfis de motociclistas, os que rodam dentro da cidade e enfrentam problemas para estacionar e local de parada no semáforo e os motociclistas das estradas, que lidam com diversos buracos perigosos que, além de causar transtornos nas motos, também colocam nossas vidas em risco. Estamos com praticamente 100% das estradas em estado de degradação e isso não é de agora, vem de várias gestões. Essas condições precárias vêm ceifando vidas de motociclistas e essa é a nossa principal reclamação”, expôs Jaime. 

Após ouvir a categoria, a Tenente Coronel Cristiane Soares, Comandante do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BRTRAN/AC), destacou as iniciativas da Polícia Militar para aprimorar a segurança dos motociclistas na região. Ela frisou que há mais de 15 anos, a campanha “Cerol Mata” tem sido promovida, ganhando destaque durante o Maio Amarelo, mês de conscientização no trânsito.

“Com aproximadamente 70% das vítimas de acidentes de trânsito sendo motociclistas, a atenção se concentra neles, especialmente durante os meses de setembro a dezembro, quando ocorre a soltura de pipas. Embora soltar pipa não seja um crime de trânsito, a preocupação com a segurança motiva esforços conjuntos entre a polícia, o Ministério Público e a prefeitura para garantir que atividades recreativas ocorram de maneira segura, promovendo o comprometimento cidadão”, disse.

A Tenente enfatizou ainda que, além das medidas de fiscalização, a segurança no trânsito é uma responsabilidade coletiva que abrange pedestres, ciclistas, motoristas e motociclistas. “Destaco aqui a importância do comprometimento individual, respeitando o espaço do outro e seguindo as normas de trânsito. Nesse contexto, a mensagem é clara: todos têm o direito de transitar com segurança, e a conscientização, aliada à ação responsável, é crucial para a construção de um ambiente viário mais seguro e harmonioso”, complementou.

No cenário do debate, o Tenente Coronel Evandro Bezerra, na ocasião representando o Secretário de Justiça e Segurança Pública, destacou a primazia da consciência social do cidadão no uso responsável das vias públicas. Em sintonia com as demandas da sociedade, ele frisou que Secretaria de Segurança direciona esforços para articular estratégias em colaboração com os órgãos operacionais.

“O nosso papel nessa audiência pública é ouvir vocês e considerar as perspectivas. Proponho aqui como encaminhamento, a inclusão de representantes de prefeituras e governos em futuras discussões, porque o que mais foi falado pelo grupo foi sobre os desafios operacionais, estruturais e políticas públicas relacionadas às vias. E sobre isso nós não temos muito o que fazer, mas é claro que podemos atuar como mediador entre vocês e os órgãos governamentais pertinentes. A secretaria está à disposição sempre”, afirmou.

O deputado Arlenilson Cunha finalizou o debate frisando que a expectativa agora é que as informações e propostas discutidas no encontro se traduzam em ações concretas, visando garantir um trânsito mais seguro e adaptado à realidade dos motociclistas no estado.

“Vamos continuar cobrando e fiscalizando porque esse é nosso papel. Também faremos os encaminhamentos necessários de tudo que foi exposto aqui por vocês, e vamos sem dúvida cobrar das autoridades competentes a manutenção das estradas, o principal problema que foi apontando por vocês neste debate. Também proponho que a gente institua uma comissão com representantes dos sindicatos dos motoboy e moto clubes para que a gente possa reforçar ainda mais essa luta”, finalizou.

Texto: Mircléia Magalhães e Andressa Oliveira

Agência Aleac

Fotos: Sérgio Vale