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Assembleia Legislativa do Estado do Acre

Aleac promove audiência pública para debater sobre nefropatas e transplantados no Acre

Na manhã desta segunda-feira (15) foi realizada uma audiência pública para debater acerca dos assuntos relacionados aos pacientes nefropatas e transplantados no Acre. O encontro é fruto de um requerimento apresentado pelo deputado Adailton Cruz (PSB), que também é presidente da Comissão de Saúde no Poder Legislativo.

Adailton Cruz frisou que a audiência tem como principal intuito debater de forma mais aprofundada os problemas enfrentados pelos transplantados e pacientes nefropatas. Ele expôs sua preocupação com relação ao futuro das captações renais e aos transplantes realizados no Estado.

“Temos informações preocupantes em relação ao futuro das captações renais e não podemos regredir nesse serviço ímpar. Os pacientes nefropatas precisam de atenção especial, então queremos saber como isso está sendo feito e como esta Casa pode contribuir. Convido a todos para na próxima segunda dia 22, participarem de uma audiência onde discutiremos o orçamento da Saúde para 2024. Não adianta sonharmos com uma saúde de qualidade se não tiver orçamento, então precisamos cobrar agora, pois em setembro já começa a ser votado”, ressaltou.

Representando a secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), Liliane Alves, disse que o órgão tem se esforçado para atender a demanda e solucionar os problemas existentes no setor.

“Sou coordenadora da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas e, por este motivo, sei bem das situações e demandas que precisam ser deliberadas. Reconhecemos que há problemas, mas temos nos esforçado para garantir celeridade e o melhor atendimento a essas pessoas. No mais, estou à disposição para esclarecer dúvidas e ajudar no que for necessário”, disse.

Vanderli Ferreira, representante da Associação dos Pacientes Renais Crônicos e Transplantados do Estado do Acre (APARTAC), expôs sua indignação por não estar mais sendo feito transplante renal no Estado. Ele questionou também o número de médicos nefrologistas para atender a demanda de pacientes.

“Quero saber da Sesacre o que falta para o transplante de rim voltar a ser como era, fui o primeiro transplantado de doador falecido no Acre e, nessa época, o atendimento era continuo, mas agora infelizmente não temos nem nefrologistas o suficiente para atender os pacientes. Precisamos de um hospital referência, pois não temos e quando vamos à Unidade de Pronto Atendimento não querem nos atender, alegando que somos pacientes complexos”, disse.

Vanderli seguiu dizendo que a saúde dos transplantados é debilitada e exige mais cuidado. Ele concluiu seu discurso indagando sobre a volta da realização dos transplantes, o aumento no número de médicos nefrologistas e um hospital referência para esse atendimento.

Em sua fala, o Dr. Thadeu Moura, cirurgião vascular, destacou a importância do encontro. Frisou ainda que há 23 anos acompanha pacientes renais.

“Sabemos que a insuficiência renal acontece por falta de cuidados prévios, infelizmente. Nessa minha trajetória de 23 anos na nefrologia, muitos pacientes renais passaram por mim, são pacientes sofridos que não tiveram o tratamento inicial adequado. São pacientes que ficam por três, quatro horas ligados a uma máquina, isso três vezes por semana. Estamos falando de um tratamento muito doloroso e difícil”, ressaltou.

Já o presidente da Associação Renal Crônico e Transplantado do Acre, e também paciente renal, Emerson, falou das dificuldades que os pacientes enfrentam diariamente nas unidades de saúde do Estado. Ele fez ainda críticas ao tratamento fornecido pela Fundação Hospitalar.

“Tem um problema sério na Fundação Hospitalar, lá eles utilizam o capilar, também conhecido como o dialisador, por doze vezes seguidas. Eu não sei porque eles não utilizam o descartável. Sabemos que isso não faz bem para o paciente, não o prepara adequadamente para a cirurgia de transplante, isso é muito sério. Quero aproveitar também a oportunidade para pedir ao governador que forneça a cirurgia de transplante de rins, que faça isso com uma certa urgência. Tem pessoas, crianças morrendo em máquina dialisando”, pontuou.

A presidente do Sindicato dos Profissionais Auxiliares e Técnicos De Enfermagem do Acre, Alesta Amâncio, lamentou que as secretarias de saúde, municipal e estadual, não atuem na prevenção das doenças crônicas.

“Se não cuidarmos as coisas não vão avançar. A gente não vê uma campanha de prevenção por parte das secretarias de saúde, nenhuma orientação para que o paciente não acabe na hemodiálise, por exemplo. Só quem passa um tempo no setor de nefrologia sabe como as coisas são difíceis “, enfatizou.

João Paulo Silva, presidente Fundação Hospitalar, falou sobre a importância da audiência pública para buscar soluções e responder questionamentos. “Temos que distinguir quais são os papeis da rede de assistência do Acre. A Fundache não é a ordenadora geral do cuidado, por isso seria interessante outras figuras da Sesacre estarem aqui hoje. Trouxe a equipe que tem mais contato com essa temática, para conseguirmos sanar todas as dúvidas”.

Sobre a reforma da área de nefrologia na Fundação Hospitalar, João Paulo pontuou que 80% da obra já está concluída e que a expectativa para entrega é de 40 dias. “O recurso que tínhamos não cobria 30% da obra e o governo entrou com aporte. Creio que em 40 dias será entregue. Estamos aqui para ouvir e buscar soluções, como o retorno do ambulatório de nefrologia. O Acre tem poucos nefrologistas em seu quadro e por isso em alguns serviços é necessário terceirizar. Enquanto cuidadores da saúde, temos que achar soluções para os pacientes”.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, a prevalência da doença renal crônica no mundo é de 7,2% para indivíduos acima de 30 anos e 28% a 46% em indivíduos acima de 64 anos. No Brasil, a estimativa é de que mais de 10 milhões de pessoas tenham a doença.

Dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, aponta que a prevalência da doença renal crônica no mundo é de 7,2% para indivíduos acima de 30 anos e 28% a 46% em indivíduos acima de 64 anos. No Brasil, a estimativa é de que mais de dez milhões de pessoas tenham a doença. Desses, 90 mil estão em diálise, número que cresceu mais de 100% nos últimos dez anos.

Adailton Cruz finalizou a audiência reafirmando seu compromisso em atuar por uma saúde pública de mais qualidade. “Não vamos permitir que haja retrocesso na saúde, por isso, convido a todos para estarem aqui na próxima segunda-feira (22) e juntos debatermos sobre o orçamento para o setor”.

Texto: Andressa Oliveira/ Mircléia Magalhães

Fotos: Sérgio Vale