Comissão de Saúde da Aleac visita municípios do Alto e Baixo Acre e faz um raio x do atendimento nas unidades

A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) iniciou sua agenda de visitas às unidades de saúde do Estado no último final de semana. Foram visitadas oito unidades nesse primeiro momento. Municípios que receberam a presença da Comissão: Senador Guiomard, Capixaba, Xapuri, Epitaciolândia, Brasileia, Assis Brasil, Plácido de Castro e Acrelândia.

Segundo o presidente da Comissão de Saúde da Aleac, deputado Raimundinho da Saúde (PTN), será elaborado um relatório apontando as principais deficiências e possíveis soluções em cada unidade. O documento deverá ser entregue ao governador Tião Viana (PT) ainda essa semana.

“Ao final dessas visitas às unidades do Alto Acre e parte do Baixo Acre, estaremos elaborando um relatório de toda a situação, separado por unidades e estaremos sentando com o governador para tratar dessas questões”, disse Raimundinho da Saúde.

O deputado Heitor Júnior (PDT) frisou que o objetivo da Comissão é ajudar as unidades e não fazer apenas uma ação “politiqueira”. Ele pontuou que uma das suas preocupações diz respeito ao tempo de espera para que as unidades do interior recebam o resultado de exames, principalmente das sorologias.

“A intenção da Comissão de Saúde é ajudar as unidades. Tem casos que o retorno, pelo Lacen dos resultados, é de 30 dias. É muito tempo. Precisamos reduzir esse tempo de espera”, disse Heitor Júnior.

Chagas Romão (PMDB) destacou que irá pleitear junto à bancada federal o envio de emendas individuais para atender as demandas dos municípios no que diz respeito à reforma e ampliação dos hospitais e unidades mistas, além do fortalecimento da atenção básica de saúde no interior.

“Vamos levar as reivindicações para o governo no sentido de melhorar a gestão. Além disso, vamos buscar junto aos nossos deputados federais e senadores a possibilidade da liberação de emendas para a construção e reforma dessas unidades”, completou o deputado peemedebista.

Em Senador Guiomard, a visita da Comissão de Saúde da Aleac ao Hospital Ari Rodrigues foi acompanhada do deputado Jairo Carvalho (PSD), que é natural do município. O parlamentar salientou que um dos principais problemas enfrentados na unidade é a falta de um médico obstetra e um anestesista, uma vez que o hospital tem condições para a realização de partos cesarianos.

“Conforme foi nos repassado faltam anestesistas, obstetras e pediatras. Ainda foi nos informado, que caso o médico falte ao plantão, a unidade fica sem cobertura”, ressalta o parlamentar.

Ainda em Senador Guiomard, os parlamentares identificaram problemas na climatização dos espaços. Os condicionadores de ar estão necessitando de reparos urgentes. Muitos deles com vazamentos nas tubulações pondo em risco a segurança de profissionais e pacientes. Também foi informado que medicamentos como antibióticos sempre estão em falta na unidade, além da ausência de aparelhos como sonar, utilizado para ouvir os batimentos cardíacos, e eletrocardiograma.

O deputado Heitor Júnior (PDT) lamentou que para fazer esses reparos, além da limpeza do terreno, tenham que vir profissionais de Rio Branco. “Acredito que a compra de uma roçadeira resolveria o problema da limpeza externa do hospital. Ter que vir de Rio Branco?”, questiona.
Em Capixaba, a situação é caótica. A pequena unidade do município atende, além da atenção básica, os serviços de urgência e emergência. A secretária Municipal de Saúde de Capixaba, Carminha Guimarães, disse que a situação está ‘insustentável’. Segundo ela, a unidade não dispõe de uma ambulância tendo que improvisar utilizando uma caminhonete para o transporte de pacientes.

Chagas Romão disse à secretária que já fez uma indicação solicitando o envio de uma ambulância para atender a população de Capixaba. “Eu já pedi em várias oportunidades uma ambulância para cá, mas parece que não atenderam ainda”.

Em Xapuri o deputado Heitor Júnior classificou como ‘um cenário de guerra’. Instalações apertadas, sem climatização e com as mínimas condições de atendimento. Essa é a situação da unidade da família José Fadual, que abriga, hoje, o Hospital de Xapuri, que foi destruído pelas águas do Rio Acre em março. De 1º de abril até o dia 24 a unidade realizou 1.441 atendimentos.

Raimundinho da Saúde disse que a situação em Xapuri requer atenção especial e reforçou que uma medida em curto prazo deve ser tomada. “Temos que ver uma solução rápida para solucionar essa demanda.

O deputado Antônio Pedro (DEM), que reside em Xapuri, também acompanhou a visita dos parlamentares. Ele frisou que uma conversa já está sendo mantida com o prefeito Marcinho Miranda (PSDB) para ver a possibilidade de disponibilizar um espaço maior, que está sendo construído pelo município e está em fase final, para abrigar o Hospital de Xapuri.

“Penso que temos que agilizar essa conversa com o prefeito no sentido de transferir o quanto antes o hospital daqui. Ele me garantiu que ia ter uma conversa com os vereadores a respeito disso. O que tiver ao nosso alcance faremos”, pontua Antônio Pedro.

Já em Epitaciolândia, o atendimento é feito na URPA José Cândido de Mesquita. A secretária Adriana Dias informou que o centro necessita de uma unidade móvel de urgência e emergência. Ela explicou que a URPA contava com uma ambulância, entretanto veio para Rio Branco ajudar no período da alagação e não mais retornou ao município.

Nesse sentido, o deputado Raimundinho da Saúde salientou que irá reforçar o pedido de convocação no último concurso da Sesacre para motoristas de ambulâncias lotados no município. “Vou cobrar do governo a convocação desses profissionais aprovados no último concurso”. São cinco enfermeiros e dois motoristas de ambulâncias.

Na cidade vizinha, Brasileia, os deputados conheceram as instalações do novo Hospital Regional do município. A visita foi acompanhada pela deputada Leila Galvão (PT), que é da Comissão de Educação, mas fez questão de acompanhar os membros da Comissão de Saúde na visita.

A obra, avaliada em R$ 50 milhões, com 11 mil metros quadrados, está prevista ser entregue em outubro deste ano, garantiu o engenheiro responsável, João Roberto. O novo hospital contará com 99 leitos, atendendo tanto na urgência quanto na emergência. O público anual estimado de pacientes atendidos pode chegar a 100 mil. A unidade conta ainda com um centro cirúrgico.

O deputado Heitor Júnior (PDT) elogiou a grandiosidade da obra, mas questionou o porquê de não instalar uma Unidade de Tratamento Intensivo ao invés de uma semi-intensiva.

“A UTI tem que funcionar. Não tem lógica isso. Profissionais tem, espaço físico tem. Acredito que se tivéssemos uma UTI aqui desafogaria a regional de Rio Branco”, explicou o pedetista.

No sábado a Comissão seguiu para Assis Brasil e foi repassado aos parlamentares pela gestora Odinéia Araújo, que coordena a Unidade Mista do município, que o grande problema enfrentado é a não permanência de médicos na cidade. Segundo ela, os médicos são convocados, mas desistem de virem para Assis Brasil.

“O grande problema nosso é os médicos não quererem residir aqui. Estamos com dois médicos com contratos de 30 horas. O que é pouco para atender a demanda”, argumenta.

De Assis Brasil, os membros da Comissão seguiram para Plácido de Castro. A visita foi no Hospital Geral Dr. Manoel Marinho Monte. Na unidade, os deputados constataram que nenhuma cirurgia, mesmo as de baixa complexidade, não são feitas na unidade, isso porque o centro cirúrgico está desativado por falta de profissionais.

“O grande gargalho da saúde ainda é a falta de anestesistas para que esses centros cirúrgicos funcionem”, reconheceu Chagas Romão.

Nessa primeira fase de visitas da Comissão de Saúde aos hospitais do Acre, o último município a receber a presença dos parlamentares foi Acrelândia. Lá, o deputado Raimundinho da Saúde defendeu a instalação de um laboratório para a realização de exames simples como hemogramas.“Deveria ter, no mínimo, o básico como a realização de hemogramas”, salienta.

Ao final da visita a Acrelândia, o médico Carlos Araújo agradeceu a visita dos membros da Comissão e disse que essa legislatura marca um novo tempo na Assembleia Legislativa do Acre. “Estou há 20 anos aqui em Acrelândia e nunca recebemos a visita de uma Comissão de Saúde da Aleac. Isso demonstra o empenho e a preocupação de vocês com a Saúde”, finaliza.