Assembleia Legislativa do Estado do Acre

Com sessão solene Aleac celebra dia de conscientização sobre o Autismo

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A pedido do deputado José Bestene (PP), o plenário da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) recebeu na manhã desta quinta-feira (4), crianças e jovens diagnosticados com espectro autista, além de pais e professores. A sessão solene proposta pelo parlamentar tem como objetivo celebrar o Dia Nacional de Conscientização sobre o Autismo, comemorado no último dia 2 de abril.

Autismo é um transtorno global do desenvolvimento marcado por três características fundamentais: inabilidade para interagir socialmente; dificuldade no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos; e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
O termo abrangente é espectro autista, porque os seus portadores têm graus de comprometimento de intensidade variável: vai desde quadros mais leves, como a síndrome de Asperger, na qual não há comprometimento da fala e da inteligência, até formas graves, em que o paciente se mostra incapaz de manter qualquer tipo de contato interpessoal e é portador de comportamento agressivo e retardo mental.

O presidente em exercício do Poder Legislativo, deputado Jenilson Leite (PC do B) fez a abertura da solenidade destacando a importância do encontro. “Parabenizo a iniciativa do deputado Bestene. Debater o autismo é extremamente importante uma vez que esse público só aumenta com o passar do tempo. Sabemos que é necessária a criação de políticas púbicas mais fortes para poder garantir o tratamento para essas pessoas. Um debate válido e imprescindível para nós e para toda a família azul”, disse.

O deputado José Bestene, autor do requerimento que possibilitou a realização da sessão solene falou sobre sua satisfação em levantar esse debate no Poder Legislativo. Disse ainda que a luta em prol de pessoas que sofrem algum tipo de limitação sempre foi uma bandeira levantada por ele, mesmo quando ficou fora da vida pública.

“Para mim, é uma satisfação ser o propositor desta sessão. Passei 12 anos fora da vida pública, mas minha parceria sempre foi presente junto às instituições que trabalham com pessoas especiais. Estipular o Dia Mundial do Autismo abriu possibilidades para um maior diálogo sobre o assunto.

Esses transtornos hoje são vistos com mais responsabilidade, desmistificando crenças e afastando tudo aquilo que não é científico. Temos cerca de dez mil autistas no Acre e devemos garantir que todos eles tenham melhores oportunidades de vida”, ressaltou.

Para Francinete da Silva, coordenadora do Centro de Reabilitação do Dom Bosco, a solenidade é um momento importante para discutir políticas públicas para os portadores do autismo e de outras síndromes.

“Essa é a hora de falarmos sobre os nossos desafios, sobre a nossa realidade. Atualmente, o Dom Bosco está passando por algumas dificuldades. Atendemos 532 crianças com síndromes adversas e esse número só aumenta a cada dia. Nós estamos precisando de um espaço maior, de mais professores, mais profissionais, dentre outras coisas. Eu sei que o governo atual está apenas começando, mas espero que ele nos ajude a oferecer um atendimento de qualidade àquelas crianças. Tudo o que a gente mais precisa no momento é de ajuda”, enfatizou.

Abraão Carlos, presidente da Associação da Família Azul destacou a importância da solenidade, mas ressaltou a necessidade da realização de uma audiência pública para debater o assunto com as instituições competentes. Cobrou ainda a aplicação da Lei Estadual aprovada em 2015, que cria a Política Estadual de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

“Precisamos muito realizar uma audiência pública para debater o assunto com as instituições competentes, isso é muito importante para nós.

Atualmente, há no mundo, 70 milhões de autistas. No Brasil, são 2 milhões e no Acre 10 mil. A nossa preocupação maior, é que não sabemos onde estão esses autistas, porque nós não temos esse controle no nosso Estado. Não há nenhum tipo de cadastro para que essas pessoas possam ser mapeadas, e isso dificulta o nosso trabalho. Existe apenas um cadastro feito pela Fundação Hospitalar, mas isso não é suficiente”, frisou.

Abraão lamentou ainda a falta de políticas públicas para atender os portadores de autismo. “No Acre, temos apenas três neuropediatras que fazem atendimento na rede pública. Eu tenho consciência de que o governo está apenas começando, mas nós precisamos demais de políticas públicas voltadas para essas pessoas. Gostaria também que a lei aprovada em 2015 fosse implementada, porque ela é muito interessante, mas infelizmente não gerou nenhum tipo de melhoria até agora”, salientou.

Já Lúcio Brasil, superintendente da Fundação Hospitalar falou sobre a importância do diagnóstico precoce em pessoas com autismo, para que elas tenham melhor qualidade de vida. “O autismo não tem cura, mas o diagnóstico precoce é muito importante para que a pessoa viva melhor.

Fiquei muito feliz com a nova direção do Dom Bosco e de antemão me coloco à disposição para contribuir para que a Instituição realize suas atividades da melhor forma possível. O autismo é parte desse mundo e não um mundo à parte”, disse.

Ao final da solenidade, o presidente da Associação da Família Azul, Abraão Carlos, entregou nas mãos do deputado José Bestene um documento com as reivindicações da Associação. “Esse documento será entregue ao governador Gladson Cameli, tenho certeza de que ele não medirá esforços para garantir a melhoria na qualidade de vida dos portadores de autismo do Acre. Nós iremos trabalhar para garantir políticas públicas que atendam as nossas crianças”, disse.


Antonia Sales (MDB)
“Infelizmente, o autismo é um transtorno pouco conhecido e debatido na nossa sociedade. Para se ter uma ideia, existem pais que nem sabem que têm filhos autistas. Portanto, este momento e o debate são muito importantes. A Família Azul precisa de todo o nosso apoio, do apoio do Estado. É necessário mais políticas púbicas que assegurem o bem-estar dos autistas”.

Pastor Wagner Felipe (PR)
“Na esfera individual encontramos o ser humano individualista, na esfera social encontramos o abraço às causas do próximo. O autista encontra diversas barreiras no que diz respeito ao relacionamento com pessoas à sua volta. Ele usa do imaginário para descobrir a realidade. Ele é um ser humano assim como nós e precisamos refletir sobre como devemos agir para melhorar a vida deles. ”

Roberto Duarte (MDB)
Eu quero aproveitar o momento para fazer duas sugestões. A primeira é a implantação de uma Secretaria de Políticas Públicas voltadas ao Deficiente, isso é de extrema importância para o Estado. Precisamos também criar uma Frente Parlamentar de Políticas Públicas voltadas também para os deficientes. Só assim vamos conseguir melhorias para essa categoria que tanto luta por melhorias”.

Meire Serafim (MDB)
“Esse momento é muito importante para nossas crianças. Me coloco à disposição para levantar essa bandeira e ajudar nas causas relativas a ela. Em Sena Madureira eu contribuo com crianças que têm autismo e o índice é altíssimo. Parabenizo o deputado Bestene por esta sessão solene”.

Sargento Cadmiel (PSDB)
Ao ouvir os depoimentos de pais de autistas, fico emocionado ao ter conhecimento da luta diária deles. Logo após ser eleito, me reuni com representantes de instituições que trabalham com pessoas especiais e me coloquei à disposição para defender melhores condições de trabalho para eles e de vida para aqueles que são acometidos pelas mais diversas necessidades especiais. O Estado precisa criar urgentemente políticas públicas que beneficiem esse tipo de causa”.

Texto: Mircléia Magalhães e Andressa Oliveira
Agência Aleac